domingo, 19 de agosto de 2007
Memorial do estudo preliminar arquitetônico
Praça Celso Furtado
Memorial do estudo preliminar arquitetônico
Guilherme Petrella / Taís Tsukumo
"Em linhas gerais, buscamos uma forma de ocupação do espaço que aproveite e potencialize a configuração física do lugar e seus usos atuais, tentando interpretar o relevo, os níveis da topografia (áreas mais planas, mais inclinadas, desníveis) e as possibilidades de uso que eles implicam; os elementos construídos (sistema viário, edificações) e suas relações com as formas de apropriação no terreno (percursos, trilhas, caminhos, áreas de estar, de depósito etc.).
Dessa forma, na parte mais alta, mais diretamente ligada à área mais movimentada do terreno, propusemos a criação de um espaço que pudesse acolher mais pessoas: pisos secos (pedriscos), árvores altas que fazem sombra (mas que não obstruem a passagem de pedestres), equipamentos (bancos, mesas, lixeiras...). A partir dela, desenvolvem-se dois percursos, que conduzem a lugares distintos (recintos internos, configurados mais claramente): a cobertura do laboratório – algo construído, objeto arquitetônico, que possibilita uma visão ampliada do espaço (sua cota elevada, construída, uma espécie de varanda-belvedere), que possibilita a vista da paisagem do bairro e da praça; e, a descida para o anfiteatro, em seu percurso “natural” (topografia) e “social” (a trilha existente), com um momento intermediário - o próprio laboratório que está diretamente ligado, em nível, com a rua... Esse percurso, pode se constituir de espaço “fechado” por massas arbóreas e arbustivas, caminhos mais delimitados, um acesso claro à edificação-laboratório, um recinto etc.
Além desses percursos longitudinais, propomos a reconfiguração de um percurso transversal já presente no uso da praça de onde se acessa uma escadaria construída, que liga a parte alta (edifícios existentes), passando pelo patamar superior do anfiteatro (a topografia existente já o sugeria), à parte baixa, até chegar à rua, nível do palco-praça do anfiteatro.
Uma questão importante no projeto da praça é o aproveitamento das águas da chuva. Notamos que pela prórpia configuração do relevo, o terreno é caminho drenante das águas, e também por onde passam as águas pluviais captadas dos edifícios vizinhos. Assim, propomos um espelho d’água que é ao mesmo tempo reservatório de contenção das águas de chuva, reutilizáveis para irrigação ou limpeza, e também um elemento paisagístico. Esse elemento construído tem sua configuração se alterando com seu “movimento”: as chuvas enchem os reservatórios, que ligados por escadas drenantes, ou coisas assim, produzem cascatas sobre essas construções, e permitem perceber o movimento das águas no tempo, ao longo do ano.
O espaço alternaria áreas abertas ligadas à rua, percursos e recintos internos. Buscamos ligações entre as áreas “separadas” pelo modo de sua produção funcional-racionalista (resultado das concepções de conjuntos habitacionais e de planejamento moderno): re-integrar partes separadas e justapostas, tentar dar um sentido, uma unidade.
No entanto, para isso se realizar efetivamente, não basta uma visão arquitetônica. É necessário que o desenvolvimento desses recintos seja realizado a partir de um processo de produção das relações entre os moradores e futuros usuários. Além do que, o projeto mais determinado implica na solução de suas questões construtivas, que incluem técnicas e custos (ausentes neste momento). A própria elaboração do projeto arquitetônico já faz parte do processo de construção da praça, e deve corresponder a suas etapas, em constante transformação e diálogo com as possibilidades trazidas por todos os envolvidos. Nesse momento, apresentamos um primeiro esboço a fim de contribuir para avançar num projeto coletivo. Como ponto inicial de um diálogo que se inicia."
Memorial do estudo preliminar arquitetônico
Guilherme Petrella / Taís Tsukumo
"Em linhas gerais, buscamos uma forma de ocupação do espaço que aproveite e potencialize a configuração física do lugar e seus usos atuais, tentando interpretar o relevo, os níveis da topografia (áreas mais planas, mais inclinadas, desníveis) e as possibilidades de uso que eles implicam; os elementos construídos (sistema viário, edificações) e suas relações com as formas de apropriação no terreno (percursos, trilhas, caminhos, áreas de estar, de depósito etc.).
Dessa forma, na parte mais alta, mais diretamente ligada à área mais movimentada do terreno, propusemos a criação de um espaço que pudesse acolher mais pessoas: pisos secos (pedriscos), árvores altas que fazem sombra (mas que não obstruem a passagem de pedestres), equipamentos (bancos, mesas, lixeiras...). A partir dela, desenvolvem-se dois percursos, que conduzem a lugares distintos (recintos internos, configurados mais claramente): a cobertura do laboratório – algo construído, objeto arquitetônico, que possibilita uma visão ampliada do espaço (sua cota elevada, construída, uma espécie de varanda-belvedere), que possibilita a vista da paisagem do bairro e da praça; e, a descida para o anfiteatro, em seu percurso “natural” (topografia) e “social” (a trilha existente), com um momento intermediário - o próprio laboratório que está diretamente ligado, em nível, com a rua... Esse percurso, pode se constituir de espaço “fechado” por massas arbóreas e arbustivas, caminhos mais delimitados, um acesso claro à edificação-laboratório, um recinto etc.
Além desses percursos longitudinais, propomos a reconfiguração de um percurso transversal já presente no uso da praça de onde se acessa uma escadaria construída, que liga a parte alta (edifícios existentes), passando pelo patamar superior do anfiteatro (a topografia existente já o sugeria), à parte baixa, até chegar à rua, nível do palco-praça do anfiteatro.
Uma questão importante no projeto da praça é o aproveitamento das águas da chuva. Notamos que pela prórpia configuração do relevo, o terreno é caminho drenante das águas, e também por onde passam as águas pluviais captadas dos edifícios vizinhos. Assim, propomos um espelho d’água que é ao mesmo tempo reservatório de contenção das águas de chuva, reutilizáveis para irrigação ou limpeza, e também um elemento paisagístico. Esse elemento construído tem sua configuração se alterando com seu “movimento”: as chuvas enchem os reservatórios, que ligados por escadas drenantes, ou coisas assim, produzem cascatas sobre essas construções, e permitem perceber o movimento das águas no tempo, ao longo do ano.
O espaço alternaria áreas abertas ligadas à rua, percursos e recintos internos. Buscamos ligações entre as áreas “separadas” pelo modo de sua produção funcional-racionalista (resultado das concepções de conjuntos habitacionais e de planejamento moderno): re-integrar partes separadas e justapostas, tentar dar um sentido, uma unidade.
No entanto, para isso se realizar efetivamente, não basta uma visão arquitetônica. É necessário que o desenvolvimento desses recintos seja realizado a partir de um processo de produção das relações entre os moradores e futuros usuários. Além do que, o projeto mais determinado implica na solução de suas questões construtivas, que incluem técnicas e custos (ausentes neste momento). A própria elaboração do projeto arquitetônico já faz parte do processo de construção da praça, e deve corresponder a suas etapas, em constante transformação e diálogo com as possibilidades trazidas por todos os envolvidos. Nesse momento, apresentamos um primeiro esboço a fim de contribuir para avançar num projeto coletivo. Como ponto inicial de um diálogo que se inicia."
Elementos para uma Filosofia da Arquitetura.
“ Há nas margens da cidade aquilo patente em todas as formas espontâneas, o encanto das coisas
que só existem porque estão desprogramadas, que superam a indiferença funcional devido à
'procedência do objeto em relação ao sujeito": qualidade de tudo que está além da capacidade do
planejamento.” Carlos M. Teixeira
“Essa pesquisa ou história, recomeço obstinado, iniciativa e destruição, inscreve-se na maneira de habitar, como a philosophia, edificação e crítica, não cessa de organizar: e de desorganizar as maneiras de pensar. A Filosofia não está na cidade, ela é a cidade que pensa, e a cidade é a agitação do pensamento que busca seu habitat justamente quando o perdeu, quando perdeu a natureza" (...) “ Mas a cidade, atualmente, está transbordada pela megalópole' Esta não tem um exterior e um interior, estando ambos juntos, como uma periferia.” (... ) "A imensa periferia murmura milhares de mensagens abafadas"' J.- F. Lyotard. Periferia. In Moralidades Pós Modernas.
"Tentativa e busca de entender as cidades, a periferia e seu ( des) ordenamento para além do pré-conceito por meio da construção de uma metodologia filosófica capaz de dar voz à multiplicidade de narrativas que compõem esses lugares. Uma filosofia
que procure uma forma, uma metodologia ( essa metodologia é a escuta! Ouvir relatos e tecer junto a eles um novo conceito, ou novas práticas de intervenção ) que, então, no contato com narrativas divergentes inventem outros modos de ver, olhar; visão e audição críticas e que coloquem em suspensão as certezas do pensamento hegemônico...
que procure uma forma, uma metodologia ( essa metodologia é a escuta! Ouvir relatos e tecer junto a eles um novo conceito, ou novas práticas de intervenção ) que, então, no contato com narrativas divergentes inventem outros modos de ver, olhar; visão e audição críticas e que coloquem em suspensão as certezas do pensamento hegemônico...
O objetivo de uma Filosofia da Arquitetura enquanto tentativa de esclarecimento: compreensão/entendimento da racionalidade inerente às construções, a design e sua implicação na formação de novos conceitos. tentaiva de desvelo, esclarecimento: de que modo as
" representações arquitetônicas podem ser consideradas como imagens com potencial para englobar toda uma ordem subentendida" ? ( Carlos M. Teixeira. )
Filosofia da Arquitetura: Ordenamento de pistas, rastros, trilhamentos....de uma linguagem: Como e o que diz essa fala?
"A discussão filosófica do conceito, bem como a importância, os limites e possibilidades da
educação ambiental como ponto de convergência da educação ética, educação estética e
participação política possibilita a todos os envolvidos uma reinvenção da utopia. Num mundo
fragmentado em que vivemos, dilacerado pela departamentalização do saber, esvaziado pela
burocracia, desencantado, obscuro e distante, falar de utopia é falar de um reencantamento na e
para a dimensão política." AS Encruzilhadas do Saber Moiribundo. FAbiano Ramos Torres
"Objetivo de um projeto de ensino de Filosofia: projeto é realizar uma abordagem crítica e conceitual da dimensão ambiental, de modo interdisciplinar, no currículo escolar, possibilitando o acesso da comunidade local à instrumentalização necessária para a efetiva participação no processo de intervenção / gestão ambiental.
Problematizar o espaço “ terreno baldio” procurando torná-lo espaço de gestão ambiental de responsabilidade da coletividade ( Dimensão política do projeto ) Instrumentalizar a comunidade oferecendo condições de participação individual e coletiva, nos processos decisórios acerca do espaço público." Fabiano Ramos Torres
Problematizar o espaço “ terreno baldio” procurando torná-lo espaço de gestão ambiental de responsabilidade da coletividade ( Dimensão política do projeto ) Instrumentalizar a comunidade oferecendo condições de participação individual e coletiva, nos processos decisórios acerca do espaço público." Fabiano Ramos Torres
"A Filosofia trabalha sobretudo com a produção conceitual, com a reflexão crítica e sobre os desdobramentos políticos acerca das questões socioambientais e os temas ligados à sustentabilidade e ao bem estar. Estética: “ As pessoas Têm direito à beleza!” ( SR. Aldo) Para tanto é preciso pensar um processo pedagógico participativo onde o educando possa desenvolver uma consciência crítica sobre a problemática ambiental de modo tal que a gênese e a evolução dos problemas ambientais se tornem evidentes para o educando.
Deste modo uma das primeiras atividades propostas é a intervenção, a ocupação do local que passa a ser considerado lugar de ensino-aprendizagem. A intervenção, diga-se de passagem, precisa ser compreendida como resistência, como resposta a uma situação de dominação: o lugar “terreno baldio” se constitui como um esvaziamento dos equipamentos a que os cidadãos teriam direito, o baldio é o lugar da falta: falta a praça, o posto de saúde, o parque de diversões ou mesmo um estacionamento. O “Baldio” é o não lugar, diferentemente de um lugar que pudesse reclamar o direito de permanecer vazio – uma várzea, uma capoeira – o baldio é aquele lugar que deve ser evitado, lugar dos restos não recicláveis, do escuso. Enfim, o terreno baldio é aquele que não se realizou, projeto que não foi. É a negação do próprio projeto. Lugar do ressentimento: as pessoas olham para ele e vêem o que não foi, o que poderia ter sido, a promessa não cumprida, o terreno baldio é o “não-prédio” . O terreno baldio é o descaso, aquilo que secciona dentro da já seccionada periferia. O terreno baldio é um tabu."
Deste modo uma das primeiras atividades propostas é a intervenção, a ocupação do local que passa a ser considerado lugar de ensino-aprendizagem. A intervenção, diga-se de passagem, precisa ser compreendida como resistência, como resposta a uma situação de dominação: o lugar “terreno baldio” se constitui como um esvaziamento dos equipamentos a que os cidadãos teriam direito, o baldio é o lugar da falta: falta a praça, o posto de saúde, o parque de diversões ou mesmo um estacionamento. O “Baldio” é o não lugar, diferentemente de um lugar que pudesse reclamar o direito de permanecer vazio – uma várzea, uma capoeira – o baldio é aquele lugar que deve ser evitado, lugar dos restos não recicláveis, do escuso. Enfim, o terreno baldio é aquele que não se realizou, projeto que não foi. É a negação do próprio projeto. Lugar do ressentimento: as pessoas olham para ele e vêem o que não foi, o que poderia ter sido, a promessa não cumprida, o terreno baldio é o “não-prédio” . O terreno baldio é o descaso, aquilo que secciona dentro da já seccionada periferia. O terreno baldio é um tabu."
"Hoje a maioria das pessoas está tão alienada da Natureza, que com ela já não tem nenhum contato racional ou emotivo, não a sentem, não dialogam com ela, muitas vezes a temem. A prova mais patente desta situação é a da despreocupação com o solo, a mania de impedir a infiltração das águas sobrepondo materiais (pisos, revestimentos, asfalto, etc.)." Thiago
Das Razões e das Necessidades
É preciso um cuidado especial ao fazer o projeto de uma praça, e o cuidado é ainda maior quando se trata de uma praça localizada em uma região distante do centro da cidade de São Paulo, na periferia da zona leste, onde há uma evidente dificuldade de acesso à infra-estrutura, a cultura e ao lazer. Naturalmente, por estas e outras razões, ela não desperta interesse e, portanto, falta-lhe recurso de toda ordem.
O outro lado da questão, é que o povo, pouco interfere fora do limite dos prédios. Passivo e indiferente à poli, pouco tem feito na defesa e construção de áreas verdes, ou de praças. Resulta daí que, raramente, o espaço de praça esteja cuidado. Como determinado pelo castigo de tragédia grega, torna-se inaproveitável. Exílio.
A região da praça Celso Furtado possui, como qualquer outra Cohab, uma gênese pouco comum: foi povoada repentinamente. Construiu-se o bairro e fez-se a ocupação. Numa manhã, uma população de uma cidade (de dezenas de milhares de brasileiros vindos da Bahia, de Minas, do Paraná etc.) forma de repente, um bairro dormitório. Não houve o tempo necessário para formar a história dos indivíduos, dos grupos, na sua participação nas lutas de reivindicação, ou na edificação de projetos de infra-estrutura como escolas de qualidade, hospitais, espaços para o lazer e a cultura. Isso aumentaria a proximidade entre eles, de modo a terem condições de praticar a vivência de vizinhança, enfim, criar laços de amizade no âmbito dos moradores, valendo-se do fato de necessidades comuns.
A consistência das relações de convivência, de relacionamento das pessoas no seu quotidiano não pode assim, ainda hoje, ser criada.
As pessoas estão fechadas em si mesmas, em todas as faixas etárias. As crianças não brincam na rua. Os idosos, como já se observou em inúmeras situações: “É o grupo social menos favorecido. Vendo-os na Virginia Ferni parecem uma legião de abandonados.” As mães e avós não têm um clube, no qual, com certeza os assuntos como produção de mudas, enxerto estariam em conversa. O Teatro ou o cinema não se pontificou como lazer ou cultura para os adolescentes; embora os atores do grupo de teatro Alma trabalhem com toda energia e “se entreguem totalmente a Arte”, na realização de peça nos finais de semana.
Por este aspecto aqui exposto, a praça “Celso Furtado” não poderia ser somente bela ou simplesmente cuidada. Destina-se a destoar na paisagem social, algo como uma espécie de oásis, onde seria oferecido ao morador um local a céu aberto, espaços para a convivência humana, tão necessária a cada indivíduo, cheio de flores, ao som do canto da cotovia contradizendo com o espaço opressor do apartamento.
Pode-se vê-la como local de encontro de pessoas, de grupos que, neste espaço, terão condições para conversar e praticar novas atividades. E a praça tem implícita, não patente, o objetivo de quebrar o estágio do relacionamento social em que vive o morador, há décadas, trazendo-lhe o humor, a alegria.
Em tais condições, o povo pode, finalmente, se conhecer."
É preciso um cuidado especial ao fazer o projeto de uma praça, e o cuidado é ainda maior quando se trata de uma praça localizada em uma região distante do centro da cidade de São Paulo, na periferia da zona leste, onde há uma evidente dificuldade de acesso à infra-estrutura, a cultura e ao lazer. Naturalmente, por estas e outras razões, ela não desperta interesse e, portanto, falta-lhe recurso de toda ordem.
O outro lado da questão, é que o povo, pouco interfere fora do limite dos prédios. Passivo e indiferente à poli, pouco tem feito na defesa e construção de áreas verdes, ou de praças. Resulta daí que, raramente, o espaço de praça esteja cuidado. Como determinado pelo castigo de tragédia grega, torna-se inaproveitável. Exílio.
A região da praça Celso Furtado possui, como qualquer outra Cohab, uma gênese pouco comum: foi povoada repentinamente. Construiu-se o bairro e fez-se a ocupação. Numa manhã, uma população de uma cidade (de dezenas de milhares de brasileiros vindos da Bahia, de Minas, do Paraná etc.) forma de repente, um bairro dormitório. Não houve o tempo necessário para formar a história dos indivíduos, dos grupos, na sua participação nas lutas de reivindicação, ou na edificação de projetos de infra-estrutura como escolas de qualidade, hospitais, espaços para o lazer e a cultura. Isso aumentaria a proximidade entre eles, de modo a terem condições de praticar a vivência de vizinhança, enfim, criar laços de amizade no âmbito dos moradores, valendo-se do fato de necessidades comuns.
A consistência das relações de convivência, de relacionamento das pessoas no seu quotidiano não pode assim, ainda hoje, ser criada.
As pessoas estão fechadas em si mesmas, em todas as faixas etárias. As crianças não brincam na rua. Os idosos, como já se observou em inúmeras situações: “É o grupo social menos favorecido. Vendo-os na Virginia Ferni parecem uma legião de abandonados.” As mães e avós não têm um clube, no qual, com certeza os assuntos como produção de mudas, enxerto estariam em conversa. O Teatro ou o cinema não se pontificou como lazer ou cultura para os adolescentes; embora os atores do grupo de teatro Alma trabalhem com toda energia e “se entreguem totalmente a Arte”, na realização de peça nos finais de semana.
Por este aspecto aqui exposto, a praça “Celso Furtado” não poderia ser somente bela ou simplesmente cuidada. Destina-se a destoar na paisagem social, algo como uma espécie de oásis, onde seria oferecido ao morador um local a céu aberto, espaços para a convivência humana, tão necessária a cada indivíduo, cheio de flores, ao som do canto da cotovia contradizendo com o espaço opressor do apartamento.
Pode-se vê-la como local de encontro de pessoas, de grupos que, neste espaço, terão condições para conversar e praticar novas atividades. E a praça tem implícita, não patente, o objetivo de quebrar o estágio do relacionamento social em que vive o morador, há décadas, trazendo-lhe o humor, a alegria.
Em tais condições, o povo pode, finalmente, se conhecer."
Aldo e Mônica
Por uma "insurreição dos saberes subjugados..."
" apoiar o direito à atenção dos saberes locais, descontínuos, desqualificados, ilegítimos, contra as pretensões de um corpo unitário de teoria que pretendia filtrar hierarquias e ordená-las em nome de um saber verdadeiro e uma idéia arbitrária do que constitui uma ciência e seus objetos." Michel Foucault. Power / Knowledge...
Desde o local, a tentativa de compreender o global
Local, lugar, espaço de; - Ativação de narrativas outras: uma outra lógica.
"Resgatar a força cultural, a sabedoria popular perdurada mesmo fora de centros acadêmicos, e agora, agregá-la, tornando o empírico ao alcance de todos, desde um doutor até um aluno primário, expelindo a barreira da genialidade do qual sem oportunidade nunca se tornaria tal e, com isso fomentar a influência do poder público, o nosso poder público." Da Equipe do projeto.
Saberes que se entrecruzam: exercício de escuta.
"Pensar o ambiente além de sua dimensão física, natural e biológica, na perspectiva de um ambiente social e cultural é pensar também nas aporias do ambiente urbano, na esfera dos bens de consumo, no bombardeio da propaganda, nas passagens da cotidianeidade. Assim, quando inserimos no horizonte da educação ambiental uma vasta gama de saberes e problemas damos margem ao princípio axiológico de uma educação ambiental, pensando nos valores inerente a essa sociedade que torna possível um sem número de contradições que a coloca em risco. - Estimular a produção de bens simbólicos (culturais) numa perspectiva crítica e de reconstrução de valores e atitudes, passa a ser um dos principais objetivos desse reencantamento possibilitado pela reinvenção da política como elemento de participação política. Desenvolver conhecimentos, habilidades e competências com vistas à "apropriação" das linguagens e tecnologias dos vários saberes a fim de promover a emancipação e a efetiva cidadania." FAbiano Ramos Torres in " As Encruzilhadas do Saber Moribundo"
cruzando caminhos já traçados em busca de novas trilhas, rumos, perspectivas
Uma poesia
Oh! VIda Vivente das flores do meu jardim! Flores ridentes sorrindo com certo ar de desprezo: em cada pequenez que morre ao fim do dia, uma ofensa e a negação do muro-montanha, muro quase sem fim de nossa moradia presídio... Cresce minha era! Hera de meus passos! QUe eu quero me deitar sobre o colchão verde desta terra e e ver e ouvir e rir dos gritos destas pedras moídas, a pedra partida, coração de brita onde encerradas encontram-se as gentes: uma semente querendo nascer!
FAbiano Ramos Torres. in "Os Cânticos, Lamentações e Salmos de Itaquera".
Cores
Esse pedaço do lugar, por menor que seja, subjugado pela nossa pressa e desaprendizado diários, narra alguma coisa, ainda. Ou talvez fosse melhor dizer: nós falamos por ela que nos arrancou de nossa estupida paralizia..." As rosas não falam"... se não nos esquecemos...roubam, ou melhor, tomam emprestadas as cores de nossos sonhos...
Foi a reinserção - ou o resgate, a reconsideração - do belo natural, antes excluído do ideal moderno que nos apresentou uma solução para enfrentar uma das aporias da arquitetura moderna, a saber, a tão citada monotonia ( e também a linearidade cartesiana, pontos de fuga previsíveis a nos indicar sempre: um ponto existente nalgum lugar para onde devessemos caminhar, um ponto determinado a priori, ...)
As linhas, os números e a previsibilidade são violentadas pelo caos, pelo acontecimento, pelos fractais de um jardim que se recusar a deixar de explodir...
Pois também construímos o mundo com nossos sentidos
Por uma estética ambiental, enfim: onde os contronos da natureza, alteram o cálculo frio de nosso delírio de dominação...porque é que o homem durante todo esse tempo precisou manter a natureza sob seu domínio? Talvez, com Nietzsche, pudessemos dizer: por se querer um ser à parte e não como parte da natureza...o grande problema seria então a letra "e" presente na proposição: " Homem e Mundo".
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